Manejadora de Maraã recebe o Prêmio Mulheres das Águas

A manejadora Lilian Gonçalves recebeu o Prêmio Mulheres das Águas das mãos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ricardo Stuckert / Agência Gov

Texto: Renata Monty, com informações da Agência Gov. Publicado em: 25.03.2023.

A manejadora de pirarucu Lilian Gonçalves, de 22 anos, da comunidade de Maraã, no Amazonas, conquistou o Prêmio Mulheres das Águas, promovido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, do Governo Federal. Em meio a 149 inscrições de todo o Brasil, Lilian ficou entre as sete premiadas, na categoria Pesca Artesanal Continental. Em sua primeira edição, a premiação reconhece e homenageia mulheres que se destacaram em ações e trabalhos nas áreas de pesca e aquicultura, promovendo sustentabilidade, justiça social, respeito aos territórios e dignidade humana. O prêmio foi entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hotel Royal Tulip, em Brasília, na noite da terça-feira, 19 de março.

Pescadora desde a infância, Lilian conta que acompanhava seus familiares navegando pelo rio Japurá, no interior do Amazonas. Foi ali que aprendeu as lições de conservação e proteção do pirarucu selvagem, atuando também como tesoureira da Associação dos Produtores Rurais do Setor São José, grupo assessorado pelo Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá.

Lilian Gonçalves atua como pescadora no Rio Japurá | Foto: Ricardo Stuckert / Agência Gov

“A importância desse prêmio para mim como manejadora é uma forma de reconhecimento e valorização do nosso trabalho. Ele vem nos mostrar que estamos sendo reconhecidos e vem nos dar mais visibilidade no nosso setor. E também tem uma grande importância para todas as mulheres, em especial as mulheres pescadoras, pois estamos tendo oportunidade de mostrar o nosso trabalho e ser reconhecidas pelo o que fazemos, Isso nos encoraja cada vez mais a ocupar nossos espaços”, destacou Lilian.

Durante a cerimônia de premiação, o presidente Lula destacou o trabalho promovido pelas mulheres de todo o país.

“A conexão entre as mulheres e as águas vai muito além do papel de cuidado e nutrição. Ela é profundamente simbólica. As águas representam o ciclo da vida, a fertilidade e a renovação. Refletem a força, a resiliência e a grandeza das mulheres, e o que nós ouvimos aqui, nas histórias da Joana, da Lilian, da Ofélia, da Maria José, da Myuki, da Joice e da Nara são exemplos extraordinários dessas qualidades”, pontuou Lula durante a homenagem.

O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, enfatizou a importância de reconhecer o trabalho de mais de 500 mil pescadoras no país.

“Hoje é dia de colher, é dia de premiar, de homenagear, jogar luz sobre sete histórias de vida que merecem todos os nossos aplausos. Merecem ser celebradas para que se transformem em exemplo e para que suas vozes continuem a ser ouvidas pelas gerações que virão”, disse.

Assista no You Tube a fala de Lilian Gonçalves no minuto 18. Fonte: Agência Gov.

A coordenadora de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres, observa que esse tipo de prêmio é um instrumento de valorização e reforço da identidade das pescadoras – que antes de declaravam “donas de casa”, mesmo exercendo a atividade de pesca.

“Acho que a gente vive um momento muito importante no nosso país. Eu acho que, de vários movimentos, a gente vê programas na TV, vê oportunidades surgindo pra participação das mulheres, mas de nada adiantaria se a gente não tivesse a pré-disposição delas a querer viver esse momento novo, a lutar pelos seus direitos e a entender que ela não precisa ser uma figura submissa ao homem. Ela pode construir a sua própria história, contar a sua própria história por meio das suas ações. Então, acho que Lilian, assim como outras mulheres pescadoras aqui da região, que durante muito tempo tiveram sua atividade invisibilizada historicamente, começam a fazer um processo de resgate dessa identidade enquanto pescadora, de sentir orgulho de ser pescadora e de falar que é pescadora. Coisa que até pouco tempo atrás, mesmo realizando a atividade de pesca, elas não se autodeclaravam pescadoras e sim donas de casa. Então acho que esse prêmio valoriza esse momento de busca pela identidade da mulher pescadora. Tem várias mulheres assumindo postos de trabalho na sociedade, mas esse reconhecimento no setor primário é bem recente. As pesquisas nesse sentido ajudam nisso também”, observou Ana Cláudia.

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