Pirarucu de manejo sustentável é comercializado em feira da Semana Nacional do Produto Orgânico

Asproc participou da feira que promove produtos orgânicos em Manaus. Foto: Jéssica Souza

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) levou o pirarucu selvagem e de manejo sustentável do Gosto da Amazônia, além de farinha e açaí do Médio Juruá, para a feira que integra a XVIII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico. Organizado pela Comissão de Produção Orgânica do Amazonas (CPOrg AM), o evento foi realizado no último 21 de Julho, na Associação dos Servidores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (ASSINPA), em Manaus.

Já os membros da Rede Maniva de Agroecologia (REMA) ofertaram produtos como legumes, frutas regionais, verduras, mel, entre outros. A feira reuniu um espaço de comercialização de artesanatos e a exposição de projetos e instituições parceiras que atuam no fortalecimento da produção orgânica e agroecológica no estado.

De acordo com Jéssica Souza, analista socioambiental do Memorial Chico Mendes, que presta assessoria técnica à ASPROC e faz parte da Comissão Organizadora da feira, o encontro é importante para fortalecer a cadeia do pirarucu.

“A presença do pirarucu de manejo sustentável nessa feira é muito importante para favorecer a aproximação e o diálogo com o público da capital, visando aumentar a conscientização da população sobre o manejo. E assim, cada vez mais, podemos fortalecer essa cadeia de ponta a ponta. Garantindo a proteção dos ambientes, fortalecendo a organização da base, mantendo a qualidade do produto e alcançando mercados mais conscientes, que reconheçam e valorizem todo o trabalho realizado pelos manejadores e manejadoras no interior e escolham, de forma consciente, consumir o pirarucu de manejo sustentável, a fim de contribuir para a geração de renda, empoderamento dos povos e comunidades tradicionais e para a valorização da floresta em pé e dos rios vivos”, destacou Jéssica Souza.

 

Embora o pirarucu do Gosto da Amazônia ainda não tenha a certificação de produto orgânico, muitos esforços estão sendo reunidos para que, em breve, carregue o selo. Como explicou Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes, é necessária a revisão da Instrução Normativa nº 17, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Ministério do Meio Ambiente, para que o pirarucu selvagem e de manejo sustentável se torne um produto com certificação orgânica. Até o momento, entre os produtos oriundos do extrativismo, somente os de origem vegetal e fúngica podem adquirir esse rótulo.

“A expectativa de todos nós, em especial das comunidades que fazem o manejo, é que o MAPA possa publicar a IN que regulamenta o procedimento para a certificação orgânica do pirarucu manejado o quanto antes. Dessa forma, o consumidor estará ainda melhor informado sobre o nosso diferencial, de um produto orgânico e selvagem, oriundo de comunidades que fazem o manejo sustentável conservando os recursos naturais da Amazônia e protegendo seus territórios”, destacou Adevaldo.

O pirarucu do Gosto da Amazônia é resultado das ações de manejo sustentável realizadas por comunidades tradicionais e povos indígenas do Médio Juruá e outras regiões do interior do Amazonas. Seu beneficiamento é feito em estabelecimentos com serviços de inspeção sanitária oficial e a venda beneficiará mais de 250 famílias extrativistas. O manejo do pirarucu é uma atividade ímpar quando falamos de desenvolvimento sustentável da Amazônia, pois garante a proteção do meio ambiente, a geração de renda, a segurança alimentar e o empoderamento das comunidades extrativistas.