Organizações manejadoras do Coletivo do Pirarucu têm prazo de pesca estendido até 10 de janeiro

Na Região de Mamirauá, as embarcações tiveram os trajetos bloqueados com a estiagem | Foto: Instituto Mamirauá

Por: Renata Monty. Publicado em: 18.12.2023

A forte estiagem nos rios amazônicos em 2023 desencadeou impactos para o manejo sustentável do pirarucu selvagem Gosto da Amazônia nas diversas regiões do Estado do Amazonas. Nestes locais, apenas cerca de 20% dos peixes autorizados pelo Ibama foram pescados no prazo regular, que vai de 1º de setembro até 30 de novembro. Tendo em vista a importância da atividade para a geração de renda das populações ribeirinhas, as comunidades manejadoras integrantes do Coletivo do Pirarucu solicitaram novos prazos ao Ibama.

Como explica Ana Cláudia Torres, Coordenadora de Pesca do Instituto Mamirauá, a estiagem dificulta o deslocamento das embarcações, que transportam os manejadores e fazem o escoamento da produção. Com isso, foi preciso repensar o período de defeso, tendo em vista que as comunidades se organizaram para realizar a pesca e tiveram suas expectativas frustradas.

Assoreamento dos rios atingiu a RDS Mamirauá | Foto: Instituto Mamirauá

“A questão é o acesso ao rio principal e aos canos, que dão acesso às áreas de pesca. Então, chegar com essas embarcações que vão recepcionar a produção até essas áreas ficou complicado. Em alguns trechos, inclusive, a navegação de pessoas nem é possível. Então, pensando na retirada da produção, tornou-se inviável. E mesmo esses 20 dias de prazo que foram concedidos, ainda assim, para alguns locais ainda não permite a realização da pesca ”, esclarece Ana Cláudia.

Em um primeiro momento, o pedido de prorrogação foi de 20 dias, com permissão para a pesca até 20 de dezembro. Contudo, como Ana Cláudia ressaltou, em algumas localidades as dificuldades são maiores e a pesca não foi iniciada, gerando um segundo pedido ao Ibama, com a extensão até 10 de janeiro de 2024.

“Pode ser até que o ritmo de subida da água não seja o suficiente para que dentro desse prazo os grupos consigam as condições ideais para fazer a pesca, então em termos percentuais a gente acredita que, talvez com muito esforço e dedicação, a gente atinja um percentual de cerca de 80%”, projeta Ana Cláudia.

As embarcações maiores ficam encalhadas com o baixo nível de água dos rios | Foto: Instituto Mamirauá

Na região de Amanã, Edivan Feitosa, Acordo de Pesca Paraná Velho – RDS Amanã, conta que a decisão foi de não realizar a pesca, devido à estiagem.

“A água demorou muito tempo para chegar e isso dificultou. Decidimos em conjunto não pescar. Estamos extraindo outros produtos para diminuir o impacto”, afirmou Edivan.

Todas essas mudanças alteram o cronograma de pesca e pós-pesca, modificando toda a programação das comunidades em relação aos ciclos.

“As avaliações dos projetos de manejo ficarão em atraso, porque a ideia é quando todo o ciclo está consolidado, inclusive da repartição dos rendimentos da pesca entre os envolvidos. Então isso acaba ocasionando um atraso natural, não só na pesca, como na parte documental que acontece no pós pesca e a conclusão do ciclo”, destaca Ana Cláudia.