Estudo revela alto valor nutricional para o pirarucu selvagem Gosto da Amazônia

Pesca do pirarucu selvagem do Gosto da Amazônia na região indígena Paumari | Foto: Adriano Gambarini

Por: Renata Monty. Publicado em 20.02.2024

Um estudo encomendado pelo Instituto Juruá mostrou que o pirarucu selvagem e de manejo sustentável do Gosto da Amazônia tem valor nutricional alto, se comparado ao de cativeiro. A análise foi realizada pela Dra. Sheyla Vargas, médica veterinária, pós-doutora em Aquicultura na Universidade de São Paulo e sócia-fundadora da Aquaeficiência. A partir de amostras de lombo e barriga de pirarucus coletadas no mesmo período, de cinco diferentes marcas, a pesquisa constatou que os animais selvagens possuem concentrações superiores de proteínas, lipídios, além de ômegas 3 e 6.

“Tais dados permitem inferir que os pirarucus selvagens apresentam valor nutricional mais interessante para a alimentação humana, uma vez que entregam concentrações elevadas de proteínas, vitaminas e ácidos graxos essenciais (Ômegas 3 e 6)”, constatou a pesquisadora.

Das análises realizadas para o trabalho verificou-se que os produtos obtidos de animais selvagens têm maior concentração de 25 e 8 vezes maior (%) de ômegas 3 e 6, que os produtos oriundos de animais de cativeiro.

Fonte: Estudo valor nutricional do pirarucu selvagem x cativeiro. Dra. Sheyla Vargas | Instituto Juruá

Outra descoberta importante está relacionada às vitaminas do complexo B, que apresentaram concentrações (μg/100g de músculo) significativamente maiores de vitaminas B1, B3, B6, B9 e B12.

“Elas exercem várias funções no organismo, como a produção de energia, a manutenção da saúde do sistema nervoso, da pele, dos cabelos e do intestino. Elas também são fundamentais na prevenção de anemia e para evitar a baixa do sistema imunológico”, explica Dra. Sheyla.

Barriga de pirarucu Gosto da Amazônia é ideal para a brasa | Foto: Rodrigo Azevedo

Sobre as razões para que o pirarucu selvagem seja mais rico em nutrientes do que os de cativeiro, a alimentação natural certamente contribui para agregar mais valor ao produto.

“Este fato provavelmente está relacionado à alimentação dos animais no ambiente natural, composta por outros peixes, e a idade de abate dos pirarucus de manejo, que os permite acumular maiores concentrações de nutrientes importantes para a nutrição humana”, avalia Dra. Sheyla.

O PIRARUCU E O MANEJO

O pirarucu selvagem, maior peixe de escama de água doce do mundo, é originário da região da bacia Amazônica e pode chegar a três metros de comprimento e 200 quilos. Tem sabor suave, posta alta, carne tenra, clara e sem espinhas.

O lombo é um corte mais magro, indicado para escalopes, moquecas e caldeiradas | Foto: Rodrigo Azevedo

A barriga é indicada para os preparos na grelha, por ter posta alta, sem espinhas e ser entremeada de gordura. Já o lombo é considerado um corte nobre, mais magro, com estrutura alta e redonda. É indicado para bifes altos, escalopes ou cortado em cubos para as moquecas e caldeiradas.

O manejo sustentável do pirarucu consiste na vigilância, durante o ano inteiro, dos ambientes naturais onde o peixe habita, e sua pesca segue as seguintes regras: é realizada apenas no período da seca, entre setembro e novembro, respeitando o ciclo reprodutivo da espécie; somente podem ser pescados indivíduos acima de 1,5 metro, e o Ibama autoriza a pesca de apenas 30% da população adulta de pirarucu em cada lago em que ocorra o manejo – ou seja, garante o crescimento progressivo da população de peixes.

Pesca das comunidades Paumari | Foto: Adriano Gambarini

Graças ao manejo, o pirarucu voltou a habitar grande parte das várzeas amazônicas e sua quantidade nas regiões de manejo aumentou em 400% nos últimos dez anos.

O Gosto da Amazônia é uma marca coletiva que representa mais de 200 comunidades manejadoras, que fazem parte do arranjo comercial e produtivo liderado pela ASPROC (Associação de Produtores de Carauari), responsável pela venda do produto para todo o Brasil.

A marca defende e pratica o comércio justo, pagando em média aos manejadores cerca de 60% a mais pelo peixe do que os frigoríficos da região, e contribui para a conservação de mais de 11 milhões de hectares da Floresta, gerando renda e melhoria de qualidade de vida para as comunidades indígenas e ribeirinhas.

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