Pirarucu sustentável Gosto da Amazônia chega a rede de supermercados Pão de Açúcar

O manejo de pirarucu selvagem beneficia indígenas e ribeirinhos do Coletivo do Pirarucu | Foto Bernardo Oliveira

Para ampliar o consumo do pirarucu selvagem de manejo sustentável em todo o Brasil, o Gosto da Amazônia, a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) e o GPA, um dos maiores grupos de varejo alimentar do Brasil, formalizaram parceria para a comercialização do peixe em lojas da rede Pão de Açúcar. A iniciativa disponibiliza para a venda filés de pirarucu processado, resultado do trabalho de famílias manejadoras situadas na região amazônica. Atualmente, 15 lojas do grupo já comercializam o produto em São Paulo.

A parceria com o Pão de Açúcar faz parte da estratégia do Gosto da Amazônia, que tem o objetivo de viabilizar a comercialização conjunta do pirarucu de manejo para mercados além da Amazônia, por meio de ações de promoção do produto, relacionamento com chefs, restaurantes, pontos de venda e apoio à logística de distribuição. A marca coletiva é fruto de um arranjo comercial inovador liderado pela ASPROC, que garante a comercialização do pirarucu a um preço justo para os manejadores. De acordo com o responsável pela área de marketing do Gosto da Amazônia, Sérgio Abdon, a nova parceria ajuda a trazer segurança para os manejadores.

“O Pão de Açúcar é uma marca conhecida no mercado, associada à qualidade e capilaridade, presente em vários lugares, para uma quantidade significativa de consumidores com poder de compra. Para o manejador, é uma garantia de que o produto que ele está manejando estará acessível para consumo. Isso traz para a cadeia um nível de segurança interessante”, afirma.

“Já o consumidor se beneficia porque poderá comprar o pirarucu perto de casa e preparar suas próprias receitas, além dos pratos com o peixe que já são encontrados em vários restaurantes do país. Assim, conseguimos encurtar caminhos e fazer com que mais pessoas possam experimentar o produto e ajudar na conservação da Amazônia”, completa Sérgio.

A barriga do pirarucu é recomendada para preparos na brasa, como churrasco | Foto Rodrigo Azevedo

Para o diretor financeiro da ASPROC, Manoel Siqueira, a parceria com o GPA é o resultado da mobilização da rede de manejadores para a valorização e fortalecimento da cadeia do pirarucu.

“O arranjo comercial liderado pela ASPROC resultou, entre outras iniciativas, no Gosto da Amazônia, que possibilitou ao nosso produto alcançar mercados além da nossa região. Por meio desse arranjo, conseguimos comercializar anualmente aproximadamente 300 toneladas de pirarucu, com preço 60% maior que o valor médio praticado nos mercados locais. Isso fortalece o trabalho realizado pelas famílias e traz segurança financeira para quem se dedica ao manejo sustentável”, informa Manoel.

O gerente comercial de peixaria do GPA, Marcos Galvão, explica que a parceria faz parte da estratégia de sustentabilidade da companhia.

“O trabalho foi impulsionado pela elaboração da Política Socioambiental de Compras de Pescados, lançada pelo grupo, no ano passado, que tem como objetivo aumentar a participação de produtos provenientes de produção sustentável dentro do negócio, com dois focos: fomento à pequena produção sustentável, a partir do modo e da organização que produz, contribuindo com a conservação da floresta; e a diversificação de consumo de espécies menos conhecidas, o que reduz o impacto nos recursos pesqueiros”, diz.

O manejo do pirarucu selvagem nas áreas indígenas Paumari | Foto Adriano Gambarini

Marcos acrescenta que o compromisso e protagonismo em ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance) da bandeira Pão de Açúcar são um grande diferencial e ponto de identificação dos clientes da rede – fatores que são fortalecidos por meio da parceria de iniciativas como a Gosto da Amazônia.

“A parceria com a Gosto da Amazônia agrega para o consumidor, já que, além da oferta de um produto de impacto socioambiental positivo, o filé de pirarucu é uma ótima opção de peixe versátil, saudável e de sabor excelente. Dessa forma, acreditamos que a novidade, assim, como a parceria, serão bem-recebidas pelos clientes da rede”, finaliza.

Rede de manejadores

A Comunidade de São Raimundo, no Médio Juruá, integra o Coletivo do Pirarucu | Foto: Bruno Kelly

A marca coletiva Gosto da Amazônia foi criada pelo Coletivo do Pirarucu, uma rede de pescadores indígenas e ribeirinhos manejadores de pirarucu das bacias dos rios Negro, Solimões, Juruá e Purus, no Amazonas, e seus parceiros, governamentais e não governamentais. A marca coletiva nasceu em 2019 para expandir a venda do pirarucu de manejo fora da Amazônia, com a abertura e consolidação de mercados em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife.

A iniciativa faz parte do projeto Cadeia de Valor Sustentáveis, fruto de um acordo de cooperação internacional entre a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o governo brasileiro, que atua para solucionar os gargalos de quatro produtos extrativistas da sociobiodiversidade: castanha-da-Amazônia, pirarucu, açaí e madeira de manejo comunitário.

O assessor da ASPROC e presidente do Memorial Chico Mendes, Adevaldo Dias, destaca que a marca Gosto da Amazônia foi uma criação das comunidades extrativistas do manejo do pirarucu que proporciona, principalmente, uma relação mais justa entre os compradores do pescado e a comunidade.

Manejadores de São Raimundo compartilharam saberes com os chefs durante a Expedição Médio Juruá 2022. Foto: Bruno Kelly.

“Quando você consome o pirarucu do Gosto da Amazônia, você tem a plena certeza que está consumindo um produto que não tem relação de trabalho escravo na cadeia. Porque a própria comunidade ribeirinha ou indígena fez a pesca, a própria comunidade preserva a sua área e a própria comunidade vende o seu produto. O segundo aspecto é a questão da conservação do território. Todo peixe que é comercializado pelo Gosto da Amazônia tem o acompanhamento dos órgãos responsáveis, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e é acompanhado de um documento de origem, garantindo que esse peixe veio da comunidade e a venda está devidamente autorizada, respeitando a capacidade de suporte do produto. Além disso, o terceiro aspecto é a qualidade. O peixe do Gosto da Amazônia tem um padrão de qualidade diferenciado, isso permite que a gente forneça o pirarucu durante o ano todo sem perder a qualidade”. Dias, também, participou do processo de criação e comercialização do pirarucu do Gosto da Amazônia.

Siga no Instagram:

@gostodaamazonia

@valores.sustentaveis